Sítio com vista sobre a cidade

Já se percebeu que Belmiro quer que venha o FMI, deve ser para poder explorar ainda mais as Vanessas que trabalham nas caixas das suas mercearias.

Em vez de se destacar a notícia mais relevante: I.e. que as previsões para do Governo para 2010 batem certo, o Belmiro prefere destacar a diferença de estimativa de 3 décimas do défice público em... 2011. Bonito serviço à nação.

Artigo de Paul Krugman:

These debts were incurred, not to pay for public programs, but by private wheeler-dealers seeking nothing but their own profit. Yet ordinary Irish citizens are now bearing the burden of those debts.

Talvez por causa do peso na consciência por ter defendido um modelo de crescimento que agora definha, a direita liberal portuguesa vem lançar mais um inusitado argumento. A Irlanda pediu ajuda, mas a situação deles é muito melhor que a nossa. Pode-se ver este argumentário aqui ou aqui.

Com este lamento (ou "desejo") tremendista, recorro ao Eurostat para procurar evidência desta teoria.

Basta olhar para os dados mais recentes:

Desemprego (dados para Set. 2010): Irlanda 14,1%; Portugal 10,6%. Que é isso das pessoas para estes economistas? Um mero detalhe. Mas há mais:

Variação anual do produto do sector da construção (Q2 2010 Vs Q2 2009): Irlanda -33%; Portugal -8,9%.

Variação anual de novas encomendas industriais (Set. 2010 Vs Set. 2009). Pag. 4:  Irlanda +3,7%; Portugal +12,2%

Percentagem de empresas com actividades de inovação no período 2006-08: Irlanda +56,5; Portugal 57,8%. Acho este indicador particularmente curioso, porque a política de baixas taxas de imposto para as empresas na Irlanda é frequentemente defendida pela suposta atracção de empresas de elevada componente de inovação...

Apelo, pois, a que estes gurus do liberalismo, procurem justificar, com dados racionais e objectivos, as suas conclusões (ou desejos).

Alguns comentadores habituais, tomando a sua vontade pela realidade, têm vindo a ganhar o hábito de arrasar Sócrates, em todas as circunstâncias, lançando mão de todos os pretextos. Como se estivesse na iminência de cair. É óbvio que não está, sem que haja eleições, porque se é primeiro-ministro, é por ser o líder do partido mais votado há um ano. A verdade é que, de cada vez que o atacam, Sócrates renova a sua enorme energia e surpreende pelos êxitos que consegue. Fazem mal em menosprezá-lo, sobretudo quando não se vê, a curto prazo, quem o possa substituir...