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Neste blog, tenho falado insistidamente na imoralidade e parcialidade com que os grupos de comunicação social distorcem a realidade, manipulam a opinião pública e condicionam resultados eleitorais (Basta olhar para as tags mais usadas neste blog. "Manipulação" é aquela que se destaca).
Se as opiniões públicas aceitam hoje pacificamente discursos que defendem o fim do Serviço Nacional de Saúde, como aquele que foi proferido por Cavaco Silva no passado fim-de-semana, em muito se deve a esta comunicação social, detida por ricos, que veícula ideais que beneficiam os ricos, mesmo que à custa do interesse do povo.
Tenho repetidamente afirmado que o Estado da comunicação social é uma ameaça bem real à saúde das democracias. O caso das escutas a Gordon Brown ilustra de forma eloquente esta ameaça a que me refiro.
Murdoch (e aqui falo no nome do proprietário dos jornais em causa, porque me parece impossível que ele não soubesse dos métodos usados pelos seus empregados) pura e simplesmente tinha Gordon Brown nas mãos.
Qualquer passo do ex-Ministro das finanças e o ex-Primeiro Ministro do Reino Unido poderia fazer a manchete dia seguinte num qualquer jornal do Grupo, ou ser usado como chantagem para que Brown não ousasse enfrentar os interesses de Murdoch.
É pois um mundo ao contrário este, no qual o poder está longe de residir naqueles que seriam os legítimos representantes do povo, para residir em figuras que nunca foram a votos. É caso para nos indignarmos, se não mesmo nos revoltamos...
Mais uma vez publico um excerto do "Indignai-vos", de Stéphane Hessel:
"Cabe-nos a todos em conjunto zelar para que a nossa sociedade se mantenha uma sociedade da qual nos orgulhemos:
(...) não essa sociedade da qual os media estão nas mãos dos poderosos (...)"
E conclui:
"E é por isso que continuamos a apelar a uma verdadeira insurreição pacífica contra os meios de comunicação de massas que só apresentam como horizonte à nossa juventude uma sociedade de consumo, o deprezo pelos mais fracos e pela cultura, a amnésia generalizada e a competição renhida de todos contra todos"
Portugal: Uma economia deprimida e à deriva, Prof. José Reis
As semanas negras para a economia portuguesa têm-se somado e as contas não parecem encerradas.
A semana que agora acaba é, de facto, particularmente soturna.
Estão a empurrar-se para lá do suportável os factores de recessão, a destruição de emprego, a exigência rude de sacrifícios e, principalmente, uma lógica de desapossamento da economia e dos cidadãos. Não admira, pois, que o quadro que nos rodeia seja de profunda depressão.
A atravessar tudo isto estiveram duas coisas: deslocação de rendimentos do trabalho para outras esferas da economia e deslocação de rendimentos da esfera nacional para um quadro internacional dominado pelos financiadores. A desvalorização salarial comporta uma profunda alteração das relações sociais prevalecentes. É notório que se estão a alterar os padrões de vida social em Portugal. É também claro que se pode identificar uma fortíssima manipulação agressiva da economia portuguesa a partir do exterior. É notório que a economia portuguesa foi colocada num barco à deriva, num mar estranho.
Estas formas de extorsão têm relação e impacto directos na economia e no seu funcionamento e traduzem-se em recessão, austeridade e crise. Claro que há quem pense que se está apenas a eliminar gorduras, a corrigir comportamentos viciosos, a punir prevaricadores. E que, depois, de reposta a normalidade, vem a virtude e, com ela, o crescimento e o progresso. Eu não penso assim. Acho, ao contrário, que as bases institucionais, produtivas e sociais da economia estão a ser seriamente atingidas por acções puramente negativas, sem nenhuma visão construtiva e geradora de sentido de futuro.
Neste sentido, a descida brutal dos ‘ratings' ou a subida das taxas de juro são episódios que justificam e completam um quadro negro, mas não surpreendente.
O Prof. Cavaco Silva chamou hoje ignorantes àqueles que o confrontaram com a mudança de discurso sobre agências de rating.
Em Vale do Lobo, no Algarve, onde assistiu ao início da 5.ª Taça de Golfe Portugal Solidário, Cavaco frisou que, «de acordo com todas as informações, Portugal está a cumprir absolutamente tudo aquilo que consta do memorando de entendimento» assinado com a "troika". Daí, continuou, «não há a mínima justificação para que uma agência de notação altere a apreciação que faz da República Portuguesa».
O Prof. Cavaco quer, assim, fazer-nos crer que só agora há motivos para desconfiarmos dos critérios das agências de rating, dando a entender que as agências lá teriam as suas razões quando batiam no rating de uma República governada por Sócrates...
A verdade é que há muito que se suspeita que estas agências não são de fiar. Até este modesto blog tinha dado destaque a notícias e análises que apontavam nesse sentido:
Moody's investigada por declarações "falsas e enganosas": 11 de Maio de 2010;
Afinal, quem acredita nelas?: 28 de Janeiro de 2010;
Conservadores europeus "tramaram" Portugal: 28 de Abril de 2011;
Salgado e a construção de obras públicas: 4 de Julho de 2009.
Tudo isto para dizer, que por mais voltas que dê, o Prof. Cavaco não consegue fugir disto: O PR não reconheceu que estas agências estavam a lesar fortemente o país porque isso não era prejudicial ao seu desejo de derrubar o Governo de Sócrates. Isto é, abdicou de defender os interesses nacionais, para atingir aquele que até 5 de Junho foi o seu principal objectivo político: Derrubar Sócrates.
E isso é feio, Prof. Cavaco, muito feio.
O "Sítio com vista sobre a cidade" lançou um quiz no facebook sobre as agências de rating. A pergunta é a seguinte:
Em relação às agências de rating, qual das afirmações do Prof. Cavaco Silva subscreve?
As opções de resposta são:
1) "Não vale a pena recriminar as agências de rating" (13 de Julho de 2010)
2) "Não há a mínima justificação para corte de rating" (6 de Julho de 2011)
3) Depende do Governo que lá tiver
O link para a questão é este: http://www.facebook.com/home.php?sk=question&id=169754826424308&qa_ref=qd
A incoerência (para não chamar algo pior) de Cavaco não deixa de me surpreender.
Cavaco, durante o Governo de Sócrates:
Cavaco acredita que "retórica de ataque aos mercados é um erro"
Cavaco, durante o Governo de Passos:
Cavaco não vê " mínima justificação" para corte de 'rating'
Como fomos cair no erro de ter este P.R.?
As mudanças de Governo fazem mesmo milagres. Há dois anos que as agências de rating andam a brincar com o nosso rating, ao sabor dos interesses daqueles que nos emprestam dinheiro, mas só agora parece que se abriu uma luzinha em certas mentes lusas e na nossa imprensa:
Mira Amaral: Descer 'rating' da dívida portuguesa é acção "terrorista"
Faria de Oliveira: Descida do ‘rating’ é "imoral e insultuosa"
Governo critica Moody’s por não ter tido em conta imposto extraordinário (act.)
Editorial do Jornal de Negócios: You bastards
Editorial do Económico: Chamem a polícia...para prender as agências: "O título de primeira página do Económico de hoje é uma notícia, mas também é um protesto, uma indignação. A Moody's empurra Portugal para a falência".
A este propósito, é bom lembrar que até 5 de Junho, as culpas eram todas de Sócrates. Bastaria livramo-nos dele para que o país visse de novo a luz ao fundo do túnel. Foi um argumento repetido à exaustão pela imprensa e por destacadas figuras das oposições, e principalmente pelo PSD. Á data, as agências de rating mais não eram do que entidades credíveis, cujas análises reflectiam o descrétido do nosso Governo.
Vale a pena ver de novo estas afirmações de Ferreira Leite a 23 de Março (tirada do Câmara Corportativa).
E agora Manuela? Que explicação tem para este lixo?
Quando leio esta notícia "Ministro: desemprego actual é «insustentável»" fico com a ideia que Santos Pereira ainda está no Canadá.
Será que o Senhor Ministro ainda não está a par que o Governo, a que ele pertence, acabou de tomar uma das medidas mais gravosas para o emprego que se podem conceber?
Assim que o Senhor Ministro chegar do Canadá e estiver a par do corte no subsídio de Natal, talvez possa explicar a Passos Coelho que essa medida vai provocar um aumento do desemprego, especialmente no comércio.
Santos Pereira é um Ministro enérgico. Aparece sempre numa fona, seja numa feira de artesanato, seja a receber o líder da CGTP pela manhãzinha cedo.
Mas a energia de Santos Pereira não é suficiente para acender uma única lâmpada.
É sintomático que ao fim deste tempo, o Ministro ainda não tenha dado uma palavra sobre uma área em que Portugal é hoje um líder mundial e que é fundamental para a redução da nossa dependência energética face ao exterior: as energias renováveis.
Que pensa Santos Pereira sobre o assunto? As políticas anteriores são para manter ou são para meter na gaveta? E o que pensa o Ministro sobre a energia Nuclear? Quer apostar nessa menina dos olhos do empresário Patrick Monteiro?
Pode ser que um dia este governante diga alguma coisa sobre o assunto, apesar de não o considerar prioritário.
Parabéns pelo seu blog, especialmente por este "in...
Quanto custa o Mario?
E os Homens da Luta, por onde anda essa gente? E a...
Tantos erros, e nem um culpado!
O problema é a raqzão porque Afonso Camões não diz...