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No seguimento do post anterior, em que se cita uma frase de Warren Buffet ("Há uma luta de classes, mas é a minha classe, a classe rica, que está a fazer a guerra e estamos a ganhá-la"), não deixa de me chocar ouvir esta reportagem na TSF sobre o impacto da nova Lei das Rendas, que afeta, com particular violência, pessoas de baixos recursos, sobretudo idosos. Conta-se na peça: uma idosa de 90 anos, com um pensão de miséria, é ameaçada de despejo pelo senhorio, caso não suportasse uma brutal atualização da renda.
É repugnante ver como este governo, na luta de classes de que fala Buffet, se posiciona sempre do lado do mais rico, tirando ao mais pobre.
Não nos podemos esquecer que esta Lei foi da responsabilidade de Assunção Cristas, uma Ministra do CDS-PP. Espero que da próxima vez que Paulo Portas falar dos reformados, alguém tenha a coragem de sublinhar a hipocrisia das suas palavras e lhe recordar os impactos Lei.
No dia em que apresenta €241 milhões de lucros, sobretudo ganhos à custa do empobrecimento da população portuguesa, Ulrich decide humilhar um pouco mais o povo e dá-se ao luxo de falar em sem-abrigos que aguentam as mais duras das privações.
Hoje, a provocação de Ulrich foi silenciada pelos jornais. Não há referências aos lucros astronómicos do BPI, nem muito menos às declarações bombásticas, que levadas à letra nos poderia fazer pensar que podemos voltar à escravatura ou ao holocausto. Afinal de contas, sempre houve escravos e judeus que aguentaram.
Compreende-se o silêncio dos jornais, que são detidos pelos amigos de Ulrich. De facto, as declarações do banqueiro são humilhantes, insultuosas e ferem a consciência das pessoas e por isso não interessa que sejam reproduzidas. Há que manter os cidadãos sossegados, sem que descubram que estão-lhe a ir ao bolso para encher a conta do Ulrich. Importa que tudo se mantenha como está.
Razão tem Warren Buffet: "Há uma luta de classes, mas é a minha classe, a classe rica, que está a fazer a guerra e estamos a ganhá-la".
Ana Gomes no Conselho Superior da Antena 1. BPN, Copacabana Palace, o fechar de olhos às fugas fiscais de Ricardo Salgado, entre outros temas. Massacrar o povo para salvar o rico não é uma inevitabilidade, é uma opção política. A não perder e ouvir aqui.
Inequality Is Holding Back the Recovery, Texto de Joseph Stiglitz . 19 de Janeiro 2013
Realço alguns excertos:
"When even the free-market-oriented magazine The Economist argues — as it did in a special feature in October — that the magnitude and nature of the country’s inequality represent a serious threat to America, we should know that something has gone horribly wrong. And yet, after four decades of widening inequality and the greatest economic downturn since the Depression, we haven’t done anything about it."
There are all kinds of excuses for inequality. Some say it’s beyond our control, pointing to market forces like globalization, trade liberalization, the technological revolution, the “rise of the rest.” Others assert that doing anything about it would make us all worse off, by stifling our already sputtering economic engine. These are self-serving, ignorant falsehoods.
Market forces don’t exist in a vacuum — we shape them. Other countries, like fast-growing Brazil, have shaped them in ways that have lowered inequality while creating more opportunity and higher growth. Countries far poorer than ours have decided that all young people should have access to food, education and health care so they can fulfill their aspirations.
(...)
Globalization, and the unbalanced way it has been pursued, has shifted bargaining power away from workers: firms can threaten to move elsewhere, especially when tax laws treat such overseas investments so favorably. This in turn has weakened unions, and though unions have sometimes been a source of rigidity, the countries that responded most effectively to the global financial crisis, like Germany and Sweden, have strong unions and strong systems of social protection.
As Mr. Obama’s second term begins, we must all face the fact that our country cannot quickly, meaningfully recover without policies that directly address inequality. What’s needed is a comprehensive response that should include, at least, significant investments in education, a more progressive tax system and a tax on financial speculation.
The good news is that our thinking has been reframed: it used to be that we asked how much growth we would be willing to sacrifice for a little more equality and opportunity. Now we realize that we are paying a high price for our inequality and that alleviating it and promoting growth are intertwined, complementary goals. It will be up to all of us — our leaders included — to muster the courage and foresight to finally treat this beleaguering malady.
Acho que Lobo Xavier tem razão para não estar preocupado com o conflito de interesses. Afinal de contas, os interesses são os mesmos.
Vale a pena ouvir a crónica de Bruno Nogueira no Tubo de Ensaio http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=904110&audio_id=2979187
Duas notícias notícias recentes têm levantado de novo a questão da competitividade fiscal:
A primeira, é a questão da nacionalidade de Gerard Depardieu, que tanto se pode naturalizar Belga ou Russo, para que possa fugir aos impostos em França.
A segunda notícia diz-nos que Lobo Xavier foi nomeado Presidente de uma comissão a revisão do IRC. Os objectivos desta Comissão foram definidos pelo Ministro Gaspar: temos de baixar a taxa efetiva de IRC para que as empresas possam ser mais competitivas.
As duas notícias, colocam evidentes questões éticas: Depardieu beneficiou de subsídios públicos para os filmes em que particiou e agora que enriqueceu e a coisa está negra, foge. Lobo Xavier acumula as suas novas funções com o lugar no Conselho de Admnistração de algumas das maiores empresas nacionais.
Mas não me quero alongar sobre a coisa ética. Não é o propósito deste post.
Quero-me debruçar sobre a evidente insustentabilidade desta concorrência fiscal entre Estados.
A concorrência fiscal é (ao contrário do que os neo-liberais de serviço, incluindo o Ministro Gaspar dizem) uma peça importante de um sistema que está falido. Um sistema que tal como o Papa disse se caracteriza por "focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado".
A evidência demonstra que países ou regiões que procuraram ser competitivos por vida da fiscalidade dão-se mal. Madeira e Irlanda são bons exemplos. E há outro exemplo que vem a caminho. A Holanda.
O Economist publicou ontem um gráfico muito interessante com as previsões de crescimento para o ano de 2013. Portugal figura no 2º da tabela com a recessão mais grave em todo o mundo. Mas não é que a Holanda figura em 6º lugar em termos de recessão no mundo? A Holanda, esse páis modelo, que por via da sua competitividade fiscal, é a sede de 18 das 20 sociedades que constituiem o PSI-20?
A mesma Holanda, que serve de modelo para a reforma fiscal que Gaspar / Lobo Xavier querem implementar, está, como bem se nota, a atravessar uma crise profunda. Que ganhará a Holanda em atrair sedes fictícias de milhares de empresas que querem fugir aos impostos? Os dados demonstram que a Holanda NADA ganha.
Face a isto, concluo que o modelo da competitividade fiscal que nos querem vender todos os dias é um modelo totalmente insustentável. Um modelo neoliberal que garante umas poupanças chorudas a uns poucos, mas que não traz benefícios, nem sequer a curto prazo, aos países que seguem essa via.
O "capitalismo financeiro desregrado" precisa, pois, de uma profunda reforma, e a componente fiscal deverá ser das primeiras componentes a reformar. Aqueles que mais ganham, têm de pagar mais. É um princípio tão elementar, que até parece infantil relembrá-lo.
A crise que vivemos não é mais uma crise cíclica. É a crise que resulta de um sistema falido.
O fim deste capitalismo financeiro desregrado é inevitável. Se não acabar a bem (o que parece improvável), acabará a mal.
(Mensagem de Ano Novo do Papa).
Não há governo europeu que o oiça? Parece que a resposta é não, pelo menos no caso português. Caso contrário, o Estado não teria acabado de injectar 1,1 mil milhões de euros no Banif, dando-se ao luxo de não assumir a gestão do banco.
Parece-vos isto bem Papa?
Segundo a Proteste Investe a Galp Energia pagava em 2009 um salário médio de €2062 / mês. O Relatório e Contas 2011 da empresa diz que a Galp tem 7381 colaboradores, 59% dos quais a trabalhar em Portugal, isto é, cerca 4350. O bolo que ontem lhe calhou com as medidas anunciadas por Passos foi de mais de meio milhão de Euros, ou €7.228.559 /ano.
Parabéns aos maiores accionistas: Amorim Energia (empresa sediada nos Países Baixos) e ENI.
Parabéns pelo seu blog, especialmente por este "in...
Quanto custa o Mario?
E os Homens da Luta, por onde anda essa gente? E a...
Tantos erros, e nem um culpado!
O problema é a raqzão porque Afonso Camões não diz...