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Stiglitz, Prémio Nobel diz-nos: "Com as actuais políticas em Espanha e na Europa "não há luz ao fundo do túnel". Diz-nos mais “O euro esteve assente na premissa de que os mercados são eficientes e estáveis. [No entanto], todas as evidências dos últimos 200 anos de capitalismo apontam na direcção contrária”, explicou Joseph Stiglitz.
Nesta linha o Governo parece que continua a acreditar que se Portugal fizer o papel de bom aluno, os mercados, esses seres bondosos, irão recompensar o nosso país e aliviar as condições de financiamento.
Portugal anda assim a fazer tudo o que os mercados podiam gostar: privatizar, liberalizar despedimentos, humilhar funcionários públicos, fustigar os trabalhadores por conta de outrem com impostos, poupar as SGPS com sedes em off-shores ao pagamento de impostos, financiar a banca sem a nacionalizar, avançar com a eliminação do estado social.
Apesar de tudo isto, os mercados respondem:
Fitch acredita num segundo resgate financeiro de Portugal
Juros a dez anos disparam mais de 30 pontos base
Que mais é preciso fazer para que Portugal e a Europa passem a dar ouvidos a Prémios Nobel da Economia, como Stiglitz, em vez de continuar a acreditar na ladínha da austeridade regeneradora, que nos é vendida pelos Camilos Lourenços da nossa praça?
Declarações sucessivas do Ministro das Finanças da Alemanha parecem-me cada vez mais uma "Grândola Vila Morena". Hoje foi mais uma:
Schaüble: É preciso prevenir a saída "incontrolável" de países do euro (act.)
Ministro alemão das Finanças admite que, ultrapassado um determinado limite, deixe de ser possível travar a saída de países do euro. Acredita que a última cimeira, onde foi aprovado um segundo pacote de ajuda à Grécia, reduziu esse risco.
Se a canção foi usada como código para que os capitães saíssem dos quartéis para deitar abaixo a ditadura, as palavras de Schaüble soam-me cada vez mais a um código para os ouvidos dos especuladores: "Ataquem, que eu deixo", parece dizer este sinistro Ministro.
É-me cada vez mais difícil acreditar que não há uma aliança vampírica entre o Governo da Alemanha (e outros Governos da Europa) com os ditos "mercados" para que alguém ganhe dinheiro, com a compra de títulos de dívida pública a juros usurários ou com as oportunidades de negócios que as privatizações a preço de saldo que o nosso Governo (e de outros países do Sul da Europa) se preparam para fazer.
PS - Quem são os "mercados"? É esta a questão que me preenche muitos dos pensamentos sobre esta crise. Gostaria que os nossos media respondessem a esta questão, em vez de dizerem banalidades sobre a crise. Quem são estes agentes que têm nomes esquisitos como hedge funds, e outros funds que compram títulos de dívida?
Há dias, li uma referência à PIMCO, de acordo com a Wikipedia, é o maior mutual fund do mundo (seja lá o que isso quer dizer), que se dedica, entre outras, a esta actividade muito lucrativa de compra de obrigações de dívida pública. Uma curiosidade: A PIMCO é detida pela Allianz, grupo financeiro alemão, sediado em Munique. É sobre estas empresas sem rosto, que lucram biliões que gostaria de saber mais. Que actividades têm? Em que países ganham dinheiro? Que títulos de dívida pública andam a comprar? Que ligações têm ao Governo alemão? Que ligações têm às agências de rating? Que impostos pagam (se é que pagam)?
Eu que deixei de comprar jornais há muito, faço a promessa solene: Comprarei aquele jornal que me responder a alguma destas perguntas (nem que seja "O Diabo")...
Excerto da crónica de hoje de RAP na Visão:
"...Já os economistas, uns dizem uma coisa e outros dizem o contrário. E alguns dizem uma coisa e o seu contrário, como Cavaco Silva.
Numa célebre sexta-feira, a agência de notação financeira (peço ao leitor que faça como eu e finja que sabe exatamente o que é uma agência de notação financeira) Moody's atribuiu a nota mais alta possível ao banco Lehman Brothers. Nesse fim de semana, o banco faliu. Mesmo assim, Cavaco Silva continuou a apreciar o trabalho das agências de notação. Quando, na semana passada, a Moody's disse que Portugal era lixo, Cavaco deixou de ser fã(...)".
O Prof. Cavaco Silva chamou hoje ignorantes àqueles que o confrontaram com a mudança de discurso sobre agências de rating.
Em Vale do Lobo, no Algarve, onde assistiu ao início da 5.ª Taça de Golfe Portugal Solidário, Cavaco frisou que, «de acordo com todas as informações, Portugal está a cumprir absolutamente tudo aquilo que consta do memorando de entendimento» assinado com a "troika". Daí, continuou, «não há a mínima justificação para que uma agência de notação altere a apreciação que faz da República Portuguesa».
O Prof. Cavaco quer, assim, fazer-nos crer que só agora há motivos para desconfiarmos dos critérios das agências de rating, dando a entender que as agências lá teriam as suas razões quando batiam no rating de uma República governada por Sócrates...
A verdade é que há muito que se suspeita que estas agências não são de fiar. Até este modesto blog tinha dado destaque a notícias e análises que apontavam nesse sentido:
Moody's investigada por declarações "falsas e enganosas": 11 de Maio de 2010;
Afinal, quem acredita nelas?: 28 de Janeiro de 2010;
Conservadores europeus "tramaram" Portugal: 28 de Abril de 2011;
Salgado e a construção de obras públicas: 4 de Julho de 2009.
Tudo isto para dizer, que por mais voltas que dê, o Prof. Cavaco não consegue fugir disto: O PR não reconheceu que estas agências estavam a lesar fortemente o país porque isso não era prejudicial ao seu desejo de derrubar o Governo de Sócrates. Isto é, abdicou de defender os interesses nacionais, para atingir aquele que até 5 de Junho foi o seu principal objectivo político: Derrubar Sócrates.
E isso é feio, Prof. Cavaco, muito feio.
O "Sítio com vista sobre a cidade" lançou um quiz no facebook sobre as agências de rating. A pergunta é a seguinte:
Em relação às agências de rating, qual das afirmações do Prof. Cavaco Silva subscreve?
As opções de resposta são:
1) "Não vale a pena recriminar as agências de rating" (13 de Julho de 2010)
2) "Não há a mínima justificação para corte de rating" (6 de Julho de 2011)
3) Depende do Governo que lá tiver
O link para a questão é este: http://www.facebook.com/home.php?sk=question&id=169754826424308&qa_ref=qd
As mudanças de Governo fazem mesmo milagres. Há dois anos que as agências de rating andam a brincar com o nosso rating, ao sabor dos interesses daqueles que nos emprestam dinheiro, mas só agora parece que se abriu uma luzinha em certas mentes lusas e na nossa imprensa:
Mira Amaral: Descer 'rating' da dívida portuguesa é acção "terrorista"
Faria de Oliveira: Descida do ‘rating’ é "imoral e insultuosa"
Governo critica Moody’s por não ter tido em conta imposto extraordinário (act.)
Editorial do Jornal de Negócios: You bastards
Editorial do Económico: Chamem a polícia...para prender as agências: "O título de primeira página do Económico de hoje é uma notícia, mas também é um protesto, uma indignação. A Moody's empurra Portugal para a falência".
A este propósito, é bom lembrar que até 5 de Junho, as culpas eram todas de Sócrates. Bastaria livramo-nos dele para que o país visse de novo a luz ao fundo do túnel. Foi um argumento repetido à exaustão pela imprensa e por destacadas figuras das oposições, e principalmente pelo PSD. Á data, as agências de rating mais não eram do que entidades credíveis, cujas análises reflectiam o descrétido do nosso Governo.
Vale a pena ver de novo estas afirmações de Ferreira Leite a 23 de Março (tirada do Câmara Corportativa).
E agora Manuela? Que explicação tem para este lixo?
Hoje o Wikileaks revelou mais uns dados sobre a prisão de Guantanamo. A propósito disso, lembrei-me que em Janeiro de 2011, um ex- funcionário de um banco suíço nas ilhas Caimão, entregou extensa informação sobre a banca suíça e o seu modus operandi naquela off-shore. Á data, prometia-se que a informação seria divulgada no Wikileaks dentro de semanas.
Já passaram mais de 3 meses sobre o anúncio e nada mais se ouviu sobre este assunto.
Pessoalmente, nos dias que correm, estaria mais interessado em ficar mais informado sobre esse submundo da banca suíça do que ter acesso a mais um ou outro dado sobre essa abjecção civilizacional que se chama Guantanamo
Qualquer coisa me diz que nesse submundo helvético se poderão encontrar algumas pistas para desvendar o mistério de Portugal ser hoje o terceiro país do mundo com maior risco de bancarrota, à frente do Líbano ou Cazaquistão.
É um artigo do NYT. Pode-se concordar ou discordar, mas não se pode ficar indiferente a esta opinião, ainda para mais quando a mesma está bem fundamentada. Ficam algumas das passagens, em inglês para que não haja equívocos de tradução:
"Portugal had strong economic performance in the 1990s and was managing its recovery from the global recession better than several other countries in Europe, but it has come under unfair and arbitrary pressure from bond traders, speculators and credit rating analysts who, for short-sighted or ideological reasons, have now managed to drive out one democratically elected administration and potentially tie the hands of the next one.
(...)
But in Greece and Ireland the verdict of the markets reflected deep and easily identifiable economic problems. Portugal’s crisis is thoroughly different; there was not a genuine underlying crisis. The economic institutions and policies in Portugal that some financial analysts see as hopelessly flawed had achieved notable successes before this Iberian nation of 10 million was subjected to successive waves of attack by bond traders.
(...)
The crisis is not of Portugal’s doing. Its accumulated debt is well below the level of nations like Italy that have not been subject to such devastating assessments. Its budget deficit is lower than that of several other European countries and has been falling quickly as a result of government efforts.
(...)
Domestic politics are not to blame. Prime Minister José Sócrates and the governing Socialists moved to cut the deficit while promoting competitiveness and maintaining social spending; the opposition insisted it could do better and forced out Mr. Sócrates this month, setting the stage for new elections in June. This is the stuff of normal politics, not a sign of disarray or incompetence as some critics of Portugal have portrayed it.
(...)
In Portugal’s fate there lies a clear warning for other countries, the United States included. Portugal’s 1974 revolution inaugurated a wave of democratization that swept the globe. It is quite possible that 2011 will mark the start of a wave of encroachment on democracy by unregulated markets, with Spain, Italy or Belgium as the next potential victims.
Parabéns pelo seu blog, especialmente por este "in...
Quanto custa o Mario?
E os Homens da Luta, por onde anda essa gente? E a...
Tantos erros, e nem um culpado!
O problema é a raqzão porque Afonso Camões não diz...