Sítio com vista sobre a cidade

Constituição da República, obrigações referentes às reformas dos pensionistas e contratos de trabalho devem ser interpretados à luz das necessidades do país.

Contratos de SWAPs e PPPs são sagrados e inegociáveis, a bem do Estado de Direito, e porque o Estado é uma pessoa de bem, que cumpre os seus compromissos.

É isto.

Freitas do Amaral ontem veio dizer que estamos a caminho de uma ditadura.

Na verdade, já temos:

• Fascistas a dominar o debate político, bramindo contra o Estado de Direito e as suas instituições;
• Censura como prática para calar adversários políticos ("Jerónimo Martins cancela encomenda de livro de Sócrates").

Em passinhos de lã, a ditadura vai avançando...

A entrevista já tem uma semana, mas numa altura em que o Bankia pede ao governo espanhol uma ajuda de uns míseros 19 mil milhões de euros, a sua atualidade e pertinência é inquestionável.

Alguns excertos da entrevista de Olafur Grimsson "Já chega de pôr os contribuintes a pagar os erros dos bancos":

- O que tem a crise da Islândia de diferente da de outros países, como a Irlanda, para ter escolhido outro rumo na relação com a crise dos bancos?

- Ouvi tantos maus conselhos vindos de fora que evito fazer o mesmo com os outros. Mas vale a pena recordar que tomei a decisão de marcar uma referendo sobre as dívidas da Icesave, no início de 2010, todos os governos europeus, todas as instituições financeiras e quase todas as forças com o poder no meu próprio país, incluindo Governo e maioria do Parlamento, foram contra. Só que eu acredito que é errado pensar que teremos um futuro melhor para a Europa dando prevalência aos mercados financeiros à custa da vontade democrática das pessoas. Quando os Governos da Holanda e do Reino Unido, com o apoio da UE, quiseram forçar os contribuintes islandeses a carregar este fardo imenso de dívidas, por causa do falhanço de um banco privado islandês, as pessoas disseram: já chega! Não vamos ter um sistema onde, se tiverem sucesso, os banqueiros recebem enormes bonus e os seus accionistas recebem o lucro, mas se falharem a conta será entregue aos contribuintes. Porque são os bancos tão sagrados que lhes damos mais garantias do Estado do que a qualquer outra empresa? É interessante verificar como todas as previsões sobre o desastre que cairia sobre a Islândia se eu marcasse o referendo se revelaram erradas. Ficaríamos isolados durante décadas, seríamos a Cuba do Norte, nunca mais ninguém quereria fazer negócios connosco. Nada disso aconteceu. Três anos após a crise estamos a caminho da recuperação. Com um crescimento superior ao da maioria dos países europeus, com um desemprego mais baixo e um potencial de crescimento mais forte para os próximos anos.

(...)

- A situação económica está melhor na Islândia. Mas as pessoas não estão satisfeitas.

- (...)Porque continuam Espanha, Portugal, Itália e Grécia a lutar arduamente, com a situação sempre a piorar de Mês para Mês, enquanto a Islândia segue seu caminho para a recuperação. (...)E o que aqui se fez foi o oposto ao que a ortodoxia económica tinha feito nos últimos 30 ou 40 anos. Claro que as pessoas ainda sentem dificuldades. A recuperação demora tempo. Há histórias trágicas e muitos sacrifícios. Mas nós vemos  jovens a abrir empresas a fazer investigação, a trabalhar nas artes, n música, no design, no cinema, na literatura, nas tecnologias de informação, e percebemos que temos uma vida mais vibrante nos últimos três anos do que nos anteriores, em todos os recursos humanos eram usados pelo sector financeiro. Uma das lições de tudo isto (...) é que mesmo o mais sucedido sistema financeiro é uma má notícia para uma economia que queira ser bem sucedida no sector criativo que é o sector chave deste século.

- A Islândia tem condições para sair desta crise nos próximos dois ou três anos?

- (...) Temos o que é necessário para o futuro: temos os recursos pesqueiros;(...) estamos no topo das energias limpas, que terão cada vez mais procura; somos uma dos países mais ricos em água natural; temos uma natureza extraordinária excelente para o turismo(...)

Os ataques à liberdade de expressão dão nisto. Um internauta no facebook cria um grupo no facebook com o título "Quero ouvir as escutas do Sócrates antes que seja destruídas", que apresenta uma fotografia de um porco com cara de Sócrates, ou de Sócrates com nariz de porco. Vai daí 377 almas acham piada e tornam-se fãs.

Clique na imagem para ver os insultos ao Primeiro-Ministro 

Um grupo de 377 almas acha que a sua liberdade de expressão passa pelo insulto e a calúnia sobre a 3ª figura do Estado, o Primeiro-Ministro, que acabou de ser reeleito de forma clara pelo povo português para governar o país por mais quatro anos.

Fico indignado que o Primeiro-Ministro do meu país seja insultado, num grupo de fãs, desta forma baixa, de mau gosto, que fala pelo carácter das pessoas que o integram.

Para além de falar pelo carácter das pessoas que o constituem, o Grupo fala também pela inteligência dos seus membros: A constituição deste Grupo é só por si, uma prova inabalável de que a liberdade de expressão em Portugal nunca foi tão respeitada como hoje. 

Já que quem apoia o Sócrates não tem acesso aos media, resta-nos assinar.

a b c d e f g h i h

A forma persecutória como a Judite entrevistou hoje o Vitorino no Notas Soltas sobre o caso das escutas do SOL, é mais uma prova de que a liberdade de imprensa nunca foi tão levada a sério como hoje.

Para sabermos as razões do rancor que Mário Crespo guarda a Pedro Silva Pereira vale a pena recordar o baile que este lhe deu numa entrevista sobre o caso Freeport.

Uma entrevista que deveria servir de case study nos cursos de ciência política, desse mundo fora, na disciplina: "Como-um-político-deve-agir-quando-é-entrevistado-por-um-entrevistador-que-mostra-indesfarsável-má-fé-e-ódio".

Um novo recorde extraordinário: Conseguimos passar 2 ou 3 semanitas a discutir assuntos que valessem a pena: Orçamento, contas públicas, estratégia, desemprego.

Mas eis que alguém, já enfastiado de não estar sob as luzes dos holofotes, lança um "planfeto" pela verdade: 

 Ouviu-se num restaurante, dizer-se que Mário Crespo era um "louco". Vai daí lança-se o panfleto inflamado, sob a capa de um artigo de "opinião". O "ouviu-se", lembra-me, por certo, outros tempos. E leva-me a que esteja já preparado para os próximos: O regresso da sarjeta, baseada nos ataques ao carácter do Primeiro-Ministro.

A melhor frase de Ferreira Leite no debate foi esta: "Veja lá se controla os seus camaradas que, juntamente com autarcas espanhóis, andam a fazer manifestações e petições para me pressionar sobre o TGV. Eu não gosto disso".

Definitivamente, quando Ferreria Leite falou em suspender a democracia por 6 meses não foi uma gaffe.

A direita, à falta de ideias para governar o país, não sobra imaginação para a política da insinuação. Agora, cavalga ainda a asfixia democrática, que regressou ao debate por causa do episódio das escutas a Cavaco, e da manchete do Correio da Manhã, relacionada com o SIS e SIED.

Estes episódios tiveram agora um desenvolvimento verdadeiramente estapafúrdio: João Jardim aparece agora como o grande defensor das liberdades e garantias dos cidadãos.  Segundo o Público, Jardim proíbe espiões na Madeira por despacho.

Quem não os conheça que os compre (ao Público e a João Jardim).